Certas pessoas não merecem a nossa confiança.
Tenho vindo a descobrir isso com os anos. Tenho tendência a ser bastante inocente e crédula e acredito sempre que as pessoas são boas, até que me provem o contrário. Tal como as crianças, acredito sempre que as pessoas só têm boas intenções. Até que me apercebo que muitas vezes é um erro. Certas pessoas de facto não merecem a nossa confiança. Certas pessoas não merecem a minha. Porque eu não costumo trair a confiança das pessoas nem costumo fazer mal às pessoas, pelo menos não voluntariamente, acredito o mesmo delas.
“Quem mal não pensa, mal não vê”, já a minha avó dizia.
Quando penso que conheço minimamente alguém, venho a perceber que na verdade não conheço. Eu sou daquelas pessoas que me dou a conhecer com alguma facilidade, muitas vezes sem ter noção de que isso poderá virar-se contra mim. Não me posso esquecer que as pessoas muitas vezes são hipócritas e até podem dizer isto ou aquilo à nossa frente, mas depois nas nossas costas dizem precisamente o contrário.
Sorrisos hipócritas….não preciso, obrigada.
Compreensão fingida….não preciso, obrigada.
Falsos amigos…não preciso, obrigada.
Alguém me disse ainda há pouco tempo qualquer coisa como “Com a idade que tenho, não é agora que vou arranjar novos amigos. Amigos amigos, já eu tenho e não é com quase trinta anos que vou arranjar novos, nem procuro.”
Na altura esse comentário pareceu-me extremamente forte, no entanto tenho vindo a perceber aos poucos o que essa pessoa quis dizer. Não se fazem amigos da noite para o dia, nem dum dia para o outro. A vida, as experiências em comum, o passar dos anos, etc etc, é que vão criando e fortalecendo as amizades. Não considero facilmente qualquer pessoa como amiga, mas tendo a abrir-me com as pessoas como se já soubesse que são dignas da minha confiança quando na verdade não faço a mínima ideia.
Custa-me desconfiar de pessoas com quem tenha criado alguma empatia, no entanto a verdade é que só assim me poderei proteger e ir descobrindo se a pessoa com quem lido é de facto de confiança ou não.
Até hoje tenho tido sorte e nunca tive grandes problemas por ser tão aberta e transparente com as pessoas. No entanto, a minha vida tem tomado um rumo que implica que eu tenha cuidado, pois as coisas podem rapidamente tornar-se mais complicadas do que aquilo que já são. Se não me tem corrido mal até agora, pois então agora é a melhor altura para eu deixar de ser criança e de acreditar em tudo e em todos.
É triste mas há de facto certas pessoas que não merecem a nossa confiança.