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Sarah Bettens - Sister




Sister I know there've been times when you didn't think
I was a very good friend
Sister you must think I'm out of my mind
It's a struggle sometimes to pretend
That I know what I'm doing
I know who I am
I know how it works
And I see where it ends
Sister I need you more now than I ever did
I've been thinking again
I've been thinking again

Life can be tricky and sneak up on you
Like a tiger looking for a pray
We've had our share of surprises
There must be a good one coming our way
Cuz we're really all looking
We're really all lost
The less we expect, the smaller the cost
Sister I miss you more now than I ever did
I've been thinking again
I've been thinking again

Things that aren't funny are funny with you
So I'm better when you are around
I might say I don't need any advice
But I'll wear the clothes that I found
In the back of your closet
Wherever you hide
Secrets that nobody ever will find
Sister I love you more now than I ever did
I've been thinking again
I've been thinking again

Sister I love you more now than I ever did
I've been thinking again
I've been thinking again


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Sister...

Tenho quatro irmãos…três irmãos e uma irmã.
Revejo-me um pouco em cada um deles.

A minha irmã tem quase 15 anos a mais do que eu. Desde que deixei a França para vir para cá, vi-a uma única vez, e muito rapidamente. Somos muito diferentes eu e ela parece-me. Ou pelo menos sei que perdemos há muito aquela cumplicidade que tivemos em tempos. Tempos em que eu era uma criança e ela me levava a passear e a brincar no parque. Tempos em que me levava pela mão pelas ruas, me trazia presentes sempre que vinha a casa. Continuo a guardar dois livrinhos muito queridos que ela me trouxe um dia, e num dos quais tinha deixado uma dedicatória com palavras carinhosas e do quanto me adorava. Chamava-me bebé, e eu gostava.

Quando vinha passar o fim-de-semana a casa, eu dormia com ela no sofá cama, ficávamos a ver o filme de terror do sábado à noite no canal 6, e eu tinha medo mas ao mesmo tempo sentia-me segura por estar ali com ela. Acabava sempre por adormecer bem antes de o filme acabar. Mas por muito que a mãe me dissesse para ir para a minha cama, eu queria mesmo era ficar ali com ela.

A verdade é que tenho poucas recordações dela de quando era criança. Tenho alguns flashes de determinados sítios mas sem nenhuma data específica. Lembro-me no entanto de um aniversário meu em que me ofereceu a minha primeira consola de jogos, aquela que eu tanto desejava. Lembro-me de por vezes ir passar o fim-de-semana a casa dela, ela vinha buscar-me no sábado e levava-me de volta no domingo.

Com o tempo mudou muita coisa…teve filhos, os meus sobrinhos, que eu sempre adorei e dos quais fui tomar conta imensas vezes. No entanto já nessa altura se tinha perdido a cumplicidade. Só não consigo dizer se pelo facto de a sua vida ter mudado, por diversos motivos e talvez não os melhores para alguns. Ou se terá sido a altura em que eu fiquei adolescente e pré-adulta, altura em que temos uma certa tendência para achar que sabemos tudo sobre tudo e que não precisamos nem de mimo nem de protecção de ninguém. Talvez tenha também coincidido com a altura em que comecei a ter amizades mais “fortes”, mais “estranhas”…

Muito sinceramente não sei dizer, e por muito que tente analisar, não consigo chegar a nenhuma conclusão.
Por vezes gostaria de poder voltar atrás no tempo e mudar o que quer que tenha causado esse afastamento. Talvez ela tenha tentado e eu não tenha correspondido.

A verdade é que tenho uma irmã mais velha, que vou voltar a ver este ano. E tenho receio. Sinto-me nervosa. Sinto-me nervosa com receio de a ver, de chegar perto dela e sentir que o carinho tenha desaparecido, não o amor por ela mas a vontade de conversar sobre a minha vida, a vontade de partilhar com ela aquilo que sou e aquilo que tenho vivido. A vontade de ser sincera com ela e não de lhe contar e dizer as mesmas coisas que se dizem àquelas pessoas conhecidas mas com as quais não temos nem confiança nem pachorra para entrar em pormenores. Aquelas pessoas a quem dizemos que está tudo bem, simplesmente para encurtar a conversa.

Também tenho receio de sentir a vontade de criar aquele laço de novo mas que ela tenha perdido, como eu perdi em tempos, a vontade de ter aquela cumplicidade.


Tenho uma irmã mais velha, e gosto imenso dela. No entanto não sei o que sinto por ela. Não sei o que me apetece falar com ela, nem os momentos que me apetece passar com ela. E isso dói-me até ao fundo da alma. 


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Sobre mim...





É o silêncio sempre melodioso, a solidão saudável, o pensamento intenso e ao mesmo tempo vago. O olhar atento e os sentidos à flor da pele. O sorriso generoso e o riso sempre sincero. Sim, essas são palavras que me definem bem parece-me.

Sempre acompanhada de música, seja no ouvido, na alma, na ponta dos dedos ou na voz. Existem por vezes sentimentos, pensamentos, sensações…que acabo por não conseguir expressar, seja por sentir falta das palavras, seja por me censurar a mim própria. A música permite-me ser eu mesma sendo ou fingindo ser outra pessoa. A música conta todas as verdades disfarçando-as de ficção.
Eu sou isso mesmo….uma verdade disfarçada de ficção. Vivo a minha felicidade umas vezes com toda a liberdade a que tenho direito e da qual me permito apropriar-me, outras vezes disfarçada daquilo que o meio e a sociedade esperam de mim.

Sou diferente…porque sinto tudo, porque racionalizo pouco, porque vejo com outros olhos, porque encaro de forma diferente, porque gosto de Ti, porque penso incessantemente, porque…porque aparento ser tão igual a toda a gente e no fundo não o sou assim tanto…
Mas vivo sempre em busca da felicidade…da minha e da alheia…e vivo sim….
Vivo a minha felicidade embalando-me das melodias que me definem, rodeando-me dos olhares que me tornaram visível, que me deram consistência.

Sentada assim de viola nas mãos, é mais do que um instrumento que me acompanha. É o presente que o meu pai um dia me fez…a voz da minha mãe a cantarolar pela casa quando eu era criança…o apoio e incentivo dos meus irmãos em levar a minha paixão avante…a ajuda dos amigos nas alturas de dúvida…as suas palmas no meio da audiência…o dia em que conheci a pessoa que passou a ser a minha musa e a outra metade de mim…as músicas que escrevi embalada pelas suas ausências e presenças….
Durante muitos anos, senti-me uma pessoa invisível, sem qualquer importância nem relevância…
Hoje sinto uma enorme gratidão por me sentir capaz de dizer “Sou feliz, sim”. Não me perguntem nem queiram saber se sou rica, se tenho um grande carro, uma casa linda, um trabalho perfeito ou se a minha vida daria um filme daqueles de vos deixar com água na boca.
(…e talvez até deixasse…)

Perguntem-me sim se tenho família, se tenho amigos, se tenho paixões, se tenho amor….
Tenho isso tudo….família...numerosa e solidária…
Amigos…poucos mas verdadeiros pilares…
Paixões…música…e Tu…
Querem saber? Tenho asas até…Verdade! Voo, viajo na minha mente, pelos meus sonhos…sinto-me frequentemente como que a caminhar uns centímetros acima do chão…
Sinto-me visível, sinto-me existir….porque me ensinam a olhar para mim, para saber que outros também me vêem…

Um dia a minha mãe entrou em pânico porque ficou grávida de mim….
18 anos depois o meu pai ofereceu-me uma viola…
9 anos depois conheci A…lguém…
1 ano e meio depois juntei a minha existência a uma paixão que encontrou o seu florescer com a descoberta de alguém…
Hoje….sou EU….nada mais, nada menos.


ps; a Ti...obrigada por me dares "consistência" e me tornares visível...


 
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