Falha minha, falhas nossas...

É tão fácil olharmos para os outros e vermos o que está errado, as falhas, os defeitos, aquilo que achamos que não está certo, que não deveriam permitir etc etc...e muitas vezes julgamos e queremos opinar sem nos apercebermos sequer de que temos exactamente os mesmos defeitos ou piores ainda, de que estamos na mesma situação, de que permitimos exactamente as mesmas coisas, de que erramos exactamente da mesma forma.

Quando toca a nós, não vemos..ou não queremos ver. E daí acabarmos por ver nos outros e não em nós, daí focar-mo-nos mais nos outros do que em nós. Por muito boa vontade e boas intenções que tenhamos ao chamar-mos a atenção das pessoas que nos rodeiam sobre esta ou aquela situação, a verdade é que muitas vezes esquece-mo-nos de olhar primeiro para nós. No entanto, antes de tomar-mos o direito de opinar sobre a vida ou as opções dos outros, é imprescindível olhar-mos primeiro para nós, para as nossas falhas, para as coisas que permitimos que aconteçam na nossa vida ou que aceitamos de outros.
Com que direito dizemos a A, B ou C que não deveria ser assim ou assado, ou que não deveria aceitar isto ou aquilo, se nós próprios aceitamos isso para nós e nem sequer nos apercebemos de que os argumentos que damos a eles, deveríamos usar primeiro para nós?

É sempre tão mais fácil opinar sobre a vida e a situação dos outros, não é? Nunca queremos admitir que a situação connosco é precisamente a mesma...a nossa vida vista por nós parece sempre diferente, os motivos, as desculpas, etc etc, parecem sempre diferentes.

Dizemos isto ou aquilo à "Maria" ou ao "João"..."não podes ser assim", "não deverias permitir isso", etc etc. E muitas vezes a resposta que ouvimos é "olha para ti!" ou "olha quem fala", "diz o roto ao nu", "tu estás exactamente na mesma situação"...e custa-nos ouvir isso, e geralmente respondemos algo do género "Ah não mas eu é diferente", "Oh não é bem assim", "Nada  a  ver"....e afins...

Isto tudo para dizer o quê? Aquilo que todos nós já sabemos mas que por vezes esquecemos...
Antes de querermos ajudar os outros ou opinar sobre a vida ou situação deles, é preciso olharmos primeiro para nós. Que credibilidade temos nós ao aconselharmos alguém, se nós próprios não o aplicamos connosco?

A teoria é sempre tão fácil...já a prática....
Mais do que sabermos qual o processo para abrirmos as asas, precisamos saber realmente abri-las para finalmente aprendermos a voar, para finalmente levantarmos voo....